O terceiro Presidente da República de Angola, do MPLA, Comandante-em-Chefe e general, João Lourenço não eleito nominalmente pelo povo angolano pela primeira vez em 2017 e pela segunda vez em 2022, tem sido um eterno viajante, sendo que a sua governação é feita no exterior do país e não no interior. No primeiro e no segundo mandato nota-se que as viagens têm sido constantes, principalmente neste segundo mandato que a Constituição da República de Angola diz ser o último.
Por António Mbinga Cunga
O Presidente da República, João Lourenço, partiu para a Cidade de Adis-Abeba, capital etíope, com o objectivo de participar na 37ª Sessão Ordinária da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que decorreu a 15 de Fevereiro de 2024. À margem da conferência, os governos de Angola e da República Democrática e Federal da Etiópia assinaram, em Adis-Abeba, dois instrumentos jurídicos, com o objectivo de impulsionar a cooperação bilateral em vários sectores.
No Dia 15 de Maio de 2024 iniciou uma visita oficial de três dias à China que visava, segundo a Presidência angolana, “abordar a estratégia futura das relações bilaterais”.
Para o economista Alves da Rocha, director do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, em declarações à Lusa, a renegociação da dívida de Angola com a China deve ser a principal razão da visita, para aliviar o peso desta no orçamento angolano de relações bilaterais.
O Presidente da República, que também é o Presidente em exercício da SADC, testemunhou no Anfiteatro do Union Buildings, em Pretória, a investidura do homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, vencedor das eleições daquele país, realizadas a 29 de Maio último, com 40,20 por cento dos votos.
João Lourenço, que esteve entre os vários líderes africanos convidados para o mediático evento, ao lado dos demais chefes de Estado e de Governo da região, nomeadamente de Moçambique, Botswana, Comores, RDC, eSwatini, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Namíbia, Seychelles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Segundo, o semanário “Expansão”, a nova era da diplomacia angolana levou João Lourenço a 29 viagens ao estrangeiro.
O chefe de Estado ”deslocou-se oficialmente 17 vezes a países africanos, sete à Europa, duas à Ásia, duas ao continente americano e uma vez a um país árabe. Pelo meio, acenou com as reformas que foram aplicadas no País e recebeu, em troca, mais linhas de crédito e financiamentos.
Desde que assumiu funções, o Presidente da República já se deslocou 29 vezes ao estrangeiro em visita de Estado. João Lourenço acenou com o combate à corrupção e a abertura do país ao investimento estrangeiro e trouxe na bagagem mais linhas de crédito e financiamentos, sobretudo da Europa, animada que está com a luta contra a corrupção.
O sinal de que o roteiro na busca de dinheiro estava traçado foi dado no discurso de tomada de posse, no final de 2017. João Lourenço garantiu que a diplomacia económica, uma das mais importantes vertentes da política externa angolana, passaria pela cooperação económica e comercial do relacionamento bilateral, regional e multilateral. O objectivo foi claro: promover a imagem do país no exterior, com a expectativa de aumentar a exportação de bens e serviços, mas também para a captação de investimento estrangeiro.
Assim seria dada primazia a parceiros como os Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Brasil, Alemanha, Espanha, França Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, que no entender do chefe do Executivo sempre respeitaram a soberania angolana, num discurso em que não se referiu a Portugal, país que, à data, era o segundo maior parceiro comercial.
Destes, foi o maior credor angolano, a China, a dar o primeiro sinal a João Lourenço que estava disponível a continuar a financiar o país, mas com uma ressalva: agora os projectos a financiar têm que ter um racional de investimento, garantindo retorno financeiro ao país.